domingo, 27 de abril de 2008

Núcleo de Jornalismo Ambiental de Santos é lançado

Fortaleza da Barra GrandeFoto: Carol Marchioli (link galeria/

O 1º Encontro de Jornalismo Ambiental da Costa da Mata Atlântica marcou o lançamento do Núcleo de Jornalismo Ambiental de Santos. Com o objetivo de propor discussões sobre o tema, o Núcleo levou profissionais de jornalismo até a Fortaleza da Barra Grande (foto), em Guarujá, ontem (26), para dialogar com interessados de diversas áreas.

O ponto de convergência apresentado pelos palestrantes foi o desconhecimento dos jornalistas em relação ao tema meio ambiente. Para o assessor de imprensa da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, José Alberto Pereira Sheik, o jornalista precisa se informar mais, pesquisar sobre a pauta antes de se lançar na entrevista com a fonte. “Leiam, aprendam os conceitos”, sugere Sheik. “Vejo muita paixão e pouca informação nos recém-formados”, avalia.

No entendimento de Sheik, as discussões sobre o tema abrangem diversas áreas e os problemas devem ser discutidos em conjunto. Para Sheik, a questão do meio ambiente é de preservação da espécie e da sua cultura. “Não há como discutir meio ambiente separadamente de cultura”, aponta.

Defendendo a prática na redação, o jornalista do caderno Porto & Mar de A Tribuna, Diogo Caixote, assumiu o despreparo dos colegas. “As empresas passam as informações de ações ambientais e a imprensa ‘compra’ e publica. Poucos são os repórteres que vão atrás, que têm conhecimento e questionam os dados. É preciso não perder o senso de indignação e crítica”, afirma.

O repórter listou ainda diversos assuntos que merecem destaque na mídia por conta dos impactos ambientais com a ampliação dos portos, como a dragagem, a preservação do mangue, despejo da água de lastro – ainda sem normatização e fiscalização adequada –, e a dificuldade que a imprensa enfrenta para pautar meio ambiente nas questões de porto.

Trazendo a ótica da biologia, o professor de Biologia e vereador de Santos, Fabio Nunes (PSB), fez uma retrospectiva da discussão sobre meio ambiente, voltando até a Carta de Pero Vaz de Caminha, citando um dos trechos que ilustrava “aqui se plantando tudo dá”. Na opinião do biólogo, encarar as riquezas do país como abundantes e infinitas, nos dias de hoje, é um erro, por isso é preciso entender o tema pela transversalidade, envolvendo áreas distintas e avaliando os impactos para o planeta.

A participação da Organização Não-Governamental (ONG) Amigos da Água incorporou o lado lúdico para lembrar da qualidade da água que consumimos, um assunto que agrega todo o planeta. Miguel Scandon, presidente da ONG, apresentou uma maquete de gesso de um bebê em posição fetal para lembrar que água é vida, que nascemos através dela e nos nutrimos dela para subsistir.

Posse

Na cerimônia de posse, o presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, José Augusto Camargo, destacou a importância da formação continuada do jornalista, e a relevância no contexto nacional do Núcleo, único no país como instância do Sindicato dos Jornalistas.

Nilson Regalado, diretor da regional de Santos, chamou a atenção para a oportunidade do tema, citando como exemplo o abalo sísmico da última terça-feira (22), que atingiu a Baixada Santista e outros pontos no Sudeste. Segundo Regalado, as informações precisam ser precisas, consistentes e a cobertura de meio ambiente não deve esbarrar no alarmismo. Como membro do conselho consultivo, acrescentou ainda a discussão proposta pelo Núcleo de entender o papel do jornalista a partir de agora, nesse cenário.

Os objetivos do Núcleo foram apresentados por Marcelo Di Renzo (UniSantos), membro do conselho consultivo tripartite. Entre os destacados:

• Estimular e capacitar à prática profissional jornalística ética, crítica e consciente voltada à defesa sócio-ambiental;
• Trabalhar pela educação ambiental dos associados e não-associados e pela capacitação comunicacional de agentes públicos envolvidos na questão sócioambiental;
• Atuar em favor da implantação de políticas públicas sócio-ambientais;
• Acompanhar a atividade jornalística regional, de modo sistêmico, amparado em metodologia específica, tornando público o resultado aferido;
• Contribuir com a difusão de informações jornalísticas pertinentes às práticas sócio-ambientais.

A expectativa da Coordenadora Geral do Núcleo, Marina Medina, é de que o Núcleo possa fazer um intercâmbio de conhecimento muito maior do que o que acontece hoje, por meio de palestras, debates, fóruns, visitas técnicas e publicações que iremos produzir. “O Núcleo vai ser um grande centro de informações. Quem participar vai apurar o olhar e enxergar a transversalidade que existe quando o assunto é nosso ambiente”, destaca.

Na seqüência, tomaram posse a Coordenadora Geral, Marina Medina; o Coordenador de Projetos, Telmo Toledo; a Coordenadora de Comunicação, Catharina Apolinário; a Coordenadora de Formação Profissional e Cultura, Luz Fernández; a Secretária, Paula Nobre, e os conselheiros consultivos, Miguel Scandon, (ONG Amigos da Água), Marcelo Di Renzo (UniSantos) e Nilson Regalado (regional de Santos do Sindicato).

3 comentários:

Anônimo disse...

Luz, os jornalistas assumirem que precisam se preparar antes de divulgar qualquer noticia é um ganho, acredito eu. Desta forma, as noticias passam a ter maior credibilidade se pautadas em pesquisa séria,e as empresas que fazem maquiagem verde pensarão duas vezes antes de anunciar algo a um jornalista antenado.
beijo,menina

Anônimo disse...

Aeee. Luz, encaminhei teu texto para um professor meu que vai tentar publicar no observatório da imprensa.

Ok?

Beijo

Marina

Anônimo disse...

Luz, como eu disse por email, é muito bom ver gente fazendo a sua parte de maneira assim grandiosa, com o objetivo de atingir as massas, levando informações de qualidade.

Parabéns pela coordenação, adorei ver teu nome aí! :-)