segunda-feira, 17 de março de 2008

Dia da água

Saiu hj matéria minha no caderno especial sobre água do jornal A Tribuna:

Segunda-Feira, 17 de Março de 2008, 09:43

Estado de atenção

Da Redação

Luz Fernández

Uma conta simples mostra onde mora o problema de disponibilidade de água na Baixada Santista. Segundo o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), a diferença entre demanda e disponibilidade supera os 55%, quadro que os especialistas classificam como preocupante.

Atualmente, de acordo com dados do Plano Estadual de Recursos Hídricos, a disponibilidade de água para fins urbanos e industriais na região é de 36 metros cúbicos por segundo (36 mil litros/s). Já a demanda gira em torno de 20 metros cúbicos por segundo -- 9,18 para uso doméstico e 11,7 para indústrias.

"A situação é crítica. Trabalhamos muito perto do limite da capacidade das bacias", alerta Angela Maria Frigerio, especialista em Geociências pela Unicamp e professora de Geografia da UniSantos.

Desperdício

Conforme a especialista, a questão é bastante complexa, pois há diversos fatores que atuam na gestão dos recursos hídricos. As principais pressões estão no setor industrial, o maior consumidor, além do impacto do porto com seus efluentes e do elevado índice de urbanização da área.

Como educadora, ela aposta na mudança de hábitos da população por meio de campanhas de conscientização. "Temos que diminuir o desperdício a qualquer custo", afirma.

Para José Luiz Gava, membro do Comitê de Bacias Hidrográficas da Baixada Santista (CBHBS) e do DAEE, o nível é de atenção.

"Não há como ampliar a oferta de água", afirma Gava, apontando que a saída para o problema está no uso racional do recurso, tanto pela população como pelas indústrias, por meio de investimentos em reuso e reaproveitamento de água.

Segundo ele, todos os esforços feitos pela população, indústrias e Governo do Estado são bem-vindos. Mas a solução, de acordo com Gava, está na conscientização. "Chegamos a um ponto que não dá mais para desperdiçar água", avalia.

Séries hidrológicas

Diante de um consumo crescente e da dificuldade de se ampliar a oferta ou buscar novos pontos de coleta, a engenheira Alexandra Sampaio, do Instituto Ecomanage, da Universidade Santa Cecília (UniSanta), enfatiza a importância dos estudos científicos.

"Temos um déficit hídrico na região e precisamos conhecer com mais precisão as séries hidrológicas".

As séries, segundo a pesquisadora, mostram o comportamento dos rios em relação à vazão, capacidade de recarga e períodos de seca e estiagem. Com base nesses estudos, podem ser traçadas ações de contenção nas fases mais críticas.

Na Baixada, o período de estiagem não coincide com a temporada de verão, época em que a região pula dos seus cerca de 1,5 milhão de habitantes para picos com até 5 milhões de pessoas. Mesmo assim, a principal temporada de férias costuma registrar falta do líquido, notadamente nas áreas mais periféricas.

A qualidade

A água que chega às residências passa por Estações de Tratamento, instaladas nos pontos de captação pela Sabesp para garantir a potabilidade do líquido. Em casos de rios predominantemente urbanos, como o Jurubatuba, o trabalho é maior, segundo Angela Frigerio, em função da poluição a que é submetido. Já Alexandra Sampaio aponta as condições do Rio Moji como preocupante, por receber uma carga intensa de efluentes das indústrias. Mas, na visão de Alexandra, a poluição difusa (lixo não-orgânico) é que mais contribui, pois algumas empresas ainda descartam efluentes sem tratamento prévio, descumprindo a legislação e poluindo os rios. O Rio Cubatão (foto) é uma das principais fontes de captação para uso doméstico e, segundo Alexandra, possui uma quantidade excessiva de coliformes fecais e outros poluentes, exigindo tratamento rigoroso. A quantidade de lixo descartado nas encostas e o seu impacto nos rios também preocupa. "A poluição por resíduos sólidos deve ser controlada com programas continuados de educação ambiental", salienta a pesquisadora.

De onde vem a água

A Baixada Santista conta com um sistema integrado de atendimento de água que contempla Santos, São Vicente, Guarujá, Cubatão, Praia Grande, Itanhaém, Mongaguá e Peruíbe.

A captação é feita em vários pontos, como Rio Cubatão, Pilões, Jurubatuba, Jurubatuba Mirim, Moji, Quilombo e Melvi, entre outros. Há também captação da Bacia do Alto Tietê.

Grande parte dos rios que nos abastece nasce na Serra do Mar. Para Angela Frigerio, isso é uma vantagem, uma vez que o trajeto da água é permeado por áreas verdes.

Opções

Como lembra a especialista, 60% da Baixada Santista é coberta por vegetação e a preservação da Mata Atlântica é fundamental para evitar erosões e manter a qualidade das nascentes.

Como opção às águas superficiais (rios), hoje principal fonte de abastecimento da região, Angela acredita ser viável contar com as águas subterrâneas no futuro.

Esse tipo de recurso, mesmo sujeito à chamada intrusão salina, devido à proximidade do lençol freático com o mar, que torna a água imprópria para consumo (veja reportagem na página 4), ainda permitiria o seu uso para fins não-potáveis, tais como lavagem da frota pública de veículos, das feiras livres e áreas comuns de escolas e hospitais, por exemplo.

Para isso, entretanto, a engenheira Alexandra Sampaio afirma que é preciso investimentos em pesquisas, visando identificar o real potencial desses aquíferos.

Demanda

Mas se o aproveitamento dos recursos subterrâneos ainda é pouco utilizado na região, o desperdício, segundo Angela Frigerio, ainda é um fator preponderante que merece maior atenção dos Poderes Públicos, principalmente junto aos consumidores domésticos.

Nas indústrias, diz Angela, já se adotam procedimentos mais rigorosos, por meio do reuso e do reaproveitamento da água utilizada no processo de produção. Algumas empresas da região, como no pólo de Cubatão, já conseguem taxas de reutilização acima de 90%.

Algumas dessas tecnologias, porém, já estão ao alcance da sociedade. Nas residências, além da captação de água de chuva, é possível adotar, por exemplo, bacias sanitárias com descarga de três litros e aeradores para torneiras e chuveiros, que reduzem a vazão do líquido.

Atualmente, a demanda por água na Baixada Santista é considerada exagerada se comparada ao ideal apontado por organismos internacionais.

A orientação da Organização das Nações Unidas (ONU) é que o consumo médio diário por habitante esteja entre110 e 120 litros-dia por pessoa. Os números da Sabesp, entretanto, revelam que a média de consumo é de 180 a 200 litros por habitante-dia.

Íntegra do especial:
http://atribunadigital.globo.com/bn_conteudo.asp?cod=347066
(somente assinantes)

10 comentários:

Anônimo disse...

Mas essa minha amiga é muito porreta!!! E aí, Lupita, blz? Qto tempo... Parabéns!!! Bju

Lulu on the sky disse...

Luiz,
Consciência é tudo. O homem tem acesso as informações agora basta querer preservar.
Tb já fiz minha contribuição no dia de hj.
Big Beijos e Feliz Páscoa!

♥ Denise BC ♥ disse...

A consciência e a educação ambiental é de grande relevância para combater esse grave problema.Ótima blogada.
Bjs,
Denise BC

Unknown disse...

Sim a situação é crítica, e temos que cuidar do nosso bem maior que temos. A água também é um direito humano.

Anônimo disse...

Só educação ambiental vai resolver o problema. Mesmo assim o brasileiro é descansado demais... Quria saber: a Baixada Santista não está sobre o manancial do Aquifero Guarani? Sei que alguns municipios paulistas vivem dessa agua, achei que era todo o estado de SP...
Estou nessa blogagem tão importante tambem.
Beijo

Lucia Freitas disse...

grande dona luz! Ficou ótima a matéria. Espero que este nosso povo querido coloque a mão na consciência (ou a consciência na mão) e cuide bem deste recurso tão fundamental e importante.
bj bj

Leonor Cordeiro disse...

A batalha deve ser travada pelos caminhos da educação resultando em mudança de hábitos.
Grande abraço!
Leonor Cordeiro

Luma Rosa disse...

Luz, vale ressaltar que essa água captada pelas estações, ao serem distribuídas para a população se perde pelo caminho, pela falta de manutenção dos encanamentos e nessa perda as distribuidoras de água, ao invés de corrigirem o problema, cobram o prejuízo do cidadão que recebe a água. O desperdício tem que ser combatido de ambos os lados. Beijus

Luz Fernández disse...

Super obrigada pelo retorno de vcs, gente. Vamos cada um fazendo um pouquinho para economizar os recursos naturais que o planeta agradece.
Sds,
Luz

descompassada disse...

olá, luz, tudo bem? li sua reportagem sobre a água e gostei muito de como o tema foi abordado. lembrei que li um especial sobre a água, publicado há pouco tempo no site planeta sustentável: http://planetasustentavel.abril.com.br/especiais/agua/. beijos e prazer em conhecê-la. paula dume.